sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vídeo da MS critica o OpenOffice.org, mas mostra algo interessante


Em 1999 a Mindcraft publicou um estudo comparativo entre o Windows NT e o GNU/Linux, Samba e Apache - num benchmark patrocinado pela Microsoft. Isso mostra que a empresa se preocupava com a adoção do pinguim nas empresas em cargos importantes, servidores. Ou seja, ela via o sistema como um verdadeiro rival, capaz de lhe tirar clientes.


Em geral não se deve comparar duas coisas que tenham propósitos diferentes. Na época a própria MS assumiu, por meio das comparações, que os servidores Linux eram sim rivais do Windows, ou seja, poderiam competir com ele - embora a idéia original fosse outra, mostrar como o Linux era lento, dadas as características utilizadas nos benchmarks utilizados. Ela queria passar uma imagem negativa do sistema open source, mas contraditoriamente, acabou mostrando um pouco do oposto.

Esquecida a lição... Agora surgiu um novo comparativo. Há alguns dias a Microsoft publicou um vídeo mostrando depoimentos de clientes que tentaram a sorte com o OpenOffice.org, tiveram problemas e voltaram para o MS Office. O comparativo coloca o OO numa posição bastante inferior, que pode ser considerada verdadeira se forem considerados os recursos proprietários do MS Office, especialmente o suporte a macros no Excel e as incompatibilidades com o formato proprietário, que aparecem com mais força em documentos grandes e complexos. É claro que ela não cita que o OO tem um formato aberto, que por sua vez também é parcialmente incompatível com o MS Office, mas ele não depende do Office para viver.




Em suma, o vídeo tenta denegrir a imagem do OpenOffice.org dizendo que ele trará dor de cabeça e mais custos com treinamento e suporte ao ser adotado em empresas. O custo da licença do software proprietário dela seria então mais barato do que o custo do suporte do software livre gratuito.


Na prática, para alguns, a MS conseguiu mostrar uma coisa. Ela se preocupa com o OpenOffice. Seriamente. Ele pode ser uma ameaça real, fazendo com que ela perca muitos potenciais (e atuais) clientes. E isso é o que ela não quer, de jeito nenhum.

Se o OpenOffice.org (ou LibreOffice...) atende ou não as mesmas necessidades dos usuários do MS Office, isso é uma questão um pouco pessoal e que varia de caso para caso. De fato, para a maior parte das tarefas ele é mais do que suficiente. O MS Office tem muitos recursos que ninguém usa (o próprio OO também). Agora para quem os usa, realmente, não há como substituir o pacote de programas.

Alguns criticam, uns poucos xingam e outros vêem o anúncio como algo positivo, mostrando que a MS assume que o OpenOffice.org é sim um concorrente à altura do MS Office. O que era para ser uma propaganda negativa, na visão de alguns (não todos) pode ser considerada uma propaganda positiva para o OO. Considerando algo natural no mundo comercial, o vídeo não tem lá tanta coisa demais. A empresa tem todo direito de defender seu produto e mostrar a situação da concorrência. Só que algumas vezes o tiro sai pela culatra. Resumindo, de certa forma o vídeo passa a mensagem de que, se a pessoa não precisa de macros ou não faz questão do formato proprietário e alguns de seus recursos, o OpenOffice pode atender relativamente bem custando pouco - ou quase nada.

Ah, curiosamente, segundo o ArsTechnica, após eles publicarem um texto sobre isso o vídeo no YouTube foi alterado de público para privado. Aí acharam o mesmo vídeo no próprio site da MS, e logo depois o vídeo no YouTube voltou ao ar.

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